O ex-presidente da República Mário Soares disse, sexta-feira à noite, não ser daqueles que têm muito medo do Fundo Monetário Internacional, recordando que enquanto primeiro-ministro teve que recorrer a ele duas vezes e que Portugal resolveu os problemas.
No início do ciclo Grandes Debates do Regime, dedicado ao tema "Democracia no séc. XXI: que hierarquia de valores?", na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, no Porto, Mário Soares garantiu não ter muito medo do FMI.
"É que eu quando era primeiro-ministro aguentei duas crises em que tive que chamar o Fundo Monetário Internacional", recordou.
Segundo o ex-primeiro ministro e ex-presidente da República, dessas duas vezes Portugal sobreviveu ao FMI e até resolveu os problemas da altura.
Sobre como é que Portugal vai sair deste "imbróglio", o histórico socialista respondeu: "a minha resposta é esta: nós temos, mais tarde ou mais cedo, em termos europeus, que controlar os mercados especulativos que só pensam no dinheiro e temos que explicar com a força dos factos que mais importante que o dinheiro são as ideias das pessoas, que são os princípios e são os valores".
Segundo o ex-presidente da República, é preciso punir "aqueles que usam o capitalismo financeiro para criar uma recessão interna em cada país".
"Foi o que sucedeu na Bélgica, foi o que sucedeu na Irlanda, é o que nós estamos em risco que venha a suceder em Portugal, espero que não", enfatizou.
Para o ex-primeiro ministro "para evitar a recessão, a prioridade das prioridades é reduzir o desemprego". O capitalismo actual não é aquele que se vivia "no passado, com fundamentos éticos, com princípios e com regras", disse. "Nós estamos a viver num capitalismo especulativo e selvagem", criticou.
Considerando que "o fenómeno dos mercados é absolutamente escandaloso", o socialista recordou que estes "são conduzidos por poucas pessoas".
"São os principais agentes desses mercados que fazem tremer os políticos e que põem os políticos de joelhos. Ainda por cima têm agências de rating que diariamente nos avaliam mas que são funcionários desses mesmos mercados. Onde é que fica a política nisto?", questionou.
Fonte: http://www.jn.pt/PaginaInicial/Nacional/Interior.aspx?content_id=1821004&page=1
0 sdt2010:
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