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Ao redor do mundo, uma conspiração monolítica implacável se opõe a nós. Baseia-se, primeiramente, no encobrimento para expandir sua esfera de influência. É um sistema que tem recrutado vastos recursos materiais e humanos para formar uma poderosa e eficiente máquina, que combina operações militares, diplomáticas, de inteligência, económicas, científicas e políticas. Suas preparações são ocultas do público. Seus erros são enterrados. Não vão para capas de jornais. Seus discordantes são silenciados, não aclamados.”

John F. Kennedy

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Merkel 'esqueceu o que a Alemanha deve à UE'


O descontentamento que reina na Europa face aos Governos nacionais e ás instituições europeias, num continente «dominado pela Alemanha de Merkel», pode levar à decadência e possível desagregação da UE, afirma Mário Soares.

«Se a Europa não percebe o descontentamento que reina em todo o lado, contra os Governos nacionais e as instituições europeias e a distância que os separa dos seus povos, é indubitável que nos encaminhamos para a decadência da UE, num mundo em transformação, e para a sua possível desagregação», escreve num artigo publicado hoje no El Pais.

Mário Soares considera que «a igualdade e a solidariedade entre os estados desapareceu» com todos «mais ou menos dominados pela Alemanha da chanceler Merkel», que «se esqueceu do que a Alemanha deve à Comunidade Europeia».

Considerando-se «dona da Europa» e «apoiada pelo seu servil aliado, o presidente Sarkozy» leva a que a economia e as finanças dominem tudo, com o BCE e os bancos alemães, «ainda que não exclusivamente», a «paralisar uma Europa de cidadãos, uma Europa política, de tipo federal».

No artigo, intitulado 'Portugal e Espanha no contexto europeu', o ex-presidente da República recorda que apenas três países são governados por Governos socialistas (demissionário no caso português) e que todos são do sul, com um peso «mais marcado pela história e pelo que representam» do que pelo dinheiro.

«Não são coisas de pouca monta mas, claro, os economistas como só vêm o dinheiro, esquecem-se o resto. E talvez por isso se enganem tantas vezes», escreve.

«Os três Estados (Grécia, Espanha e Portugal) poderiam ter-se oposto às exigências de uma Alemanha que os lançava para uma recessão inaceitável. Mas não tiveram coragem para o fazer», sublinha.

Afirmando que as instituições europeias continuam «sem compreender bem» a crise económica, Soares sustenta que «o neoliberalismo, como ideologia, está esgotado, como aconteceu há 20 anos com o comunismo».

E, por não reconhecem isso, não notam que «além da redução do défice é necessário procurar reduzir o desemprego, as tremendas desigualdades sociais» e «procurar um novo paradigma de desenvolvimento».

Se esses problemas não se resolvem, considera Soares, «a crise conduzirá a rupturas que podem ser violentas e perigosas».

Lusa/SOL

Fonte: http://sol.sapo.pt/inicio/Politica/Interior.aspx?content_id=15848

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